Duarte d’Armas e os seus “debuxos” Almeida

Enclave fundamental na defesa de uma das fronteiras mais antigas do Mundo, o castelo românico de Almeida teve fundação leonesa (séc. XII). Remodelado por D. Dinis (séc. XIV) foi-lhe acrescentada uma barbacã com quatro cubelos semicirculares, feição que reconhecemos no minucioso desenho de Duarte d’Armas, de 1508. Foi Almeida, com Valença e Elvas, uma poderosa praça-forte na Guerra da Restauração (1640-1668), momento a que recua o seu sistema abaluartado. Em 1695 uma colossal tempestade fez explodir uma das torres que servia de paiol, destruindo a muralha medieval. A 26 de Agosto de 1810, durante as invasões francesas, uma bombarda inimiga caída no paiol causou uma destruição tal, que a vila ficou convertida num pavoroso montão de escombros.

Pouco se sabe da vida do desenhador Duarte d’Armas a quem fora encomendado pelo Rei D. Manuel I o levantamento das 51 fortalezas existentes nas extremas entre os reinos de Portugal e da futura Espanha, desde Castro Marim a Caminha. O códice “Livro das Fortalezas” é uma obra ímpar no seu género retratando duas vistas de cada fortaleza, resultando em extensos desenhos à mão livre e perspetiva cavaleira, com extraordinários pormenores registados entre 1508 e 1510.